Incubadoras de soluções

Faculdade de Saúde Pública da USP, Universidade Federal de São Paulo e Hospital Israelita Albert Einstein se consolidam como polo de fomento de startups de saúde

Por Débora Yuri

Instituições de ensino e hospitais de ponta, como a Faculdade de Saúde Pública da USP, a Universidade Federal de São Paulo e o Hospital Israelita Albert Einstein, estão na linha de frente de ações para o fomento do ecossistema de inovações na área de saúde. O Hospital Israelita Albert Einstein, por exemplo, tem três áreas principais de inovação: o Health Innovation Tech Center, o Health Design Lab e a Eretz.bio, incubadora de startups. Até o final do ano, lançarão uma vertical para fomentar startups cuja principal vocação seja atender o Sistema Único de Saúde (SUS).

“Temos feito um movimento para levar essas novas tecnologias ao SUS: o projeto para desenhar o pronto-atendimento do futuro está sendo desenvolvido no sistema público, com equipes médicas, de enfermagem, de inovação e gestores. Para uma startup, fazer parte de um ecossistema como o nosso não é só um facilitador para chegar ao mercado; instituições como o Einstein ajudam a startup a validar sua solução e a se adequar às questões regulatórias. O setor de healthtechs evoluiu muito nos últimos cinco anos, ganhou musculatura, até porque o sistema de saúde brasileiro é cheio de problemas, então, somos férteis em criar soluções”, afirma Rodrigo Demarch, diretor-executivo de inovação do Hospital Israelita Albert Einstein.

 

Hospital Albert Einstein tem três área de inovação, incluindo a incubadora Eretz.bio (crédito: divulgação/Fabio H. Mendes)

 

No caso da Faculdade de Saúde Pública da USP, o Laboratório de Big Data e Análise Preditiva em Saúde desenvolve algoritmos de AI para auxiliar os profissionais de saúde na tomada da melhor decisão, e tem parcerias com o sistema público e financiamento da iniciativa privada — a Microsoft, por exemplo, financiou a pesquisa de AI Covid. “A inteligência artificial mudou nossa vida. Waze, Google, Google Tradutor são algoritmos de AI. Mas a área de saúde envolve consequências maiores, as decisões tomadas implicam em vida ou morte. Por isso, é preciso ter muito cuidado para colocar conjuntos de algoritmos em prática. Trata-se de uma questão de tempo, de acúmulo de conhecimento, para que as tecnologias só entrem no mercado com o rigor que a área exige. Muitas já estão em prática para ajudar na gestão hospitalar, porque a consequência nesses casos é muito menor do que errar decisões de vida ou morte, como qual o melhor tratamento para determinado paciente”, avalia Alexandre Chiavegatto Filho, diretor do Laboratório de Big Data e Análise Preditiva em Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP.

Na Unifesp, por sua vez, há diferentes caminhos para fomentar inovações com empresas. Uma companhia pode comprar uma patente ou licenciar, pode fazer uma pesquisa em parceria e existem spin-offs acadêmicos, startups que surgem dentro de laboratórios da universidade. “Os avanços do setor passam por termos uma política de saúde de Estado, não de governo, mecanismos mais ágeis para estimular a relação público-privada e maior flexibilização das questões regulatórias. O maior entrave, porém, está na área de hard sciences, na ciência de pesquisa. É mais difícil inovações de base científica chegarem ao mercado porque elas envolvem mais riscos e exigem mais recursos. Você não consegue errar rápido nem errar barato, e ainda há as barreiras regulatórias. No exterior, a empresa grande investe na pequena e, quando a solução é validada, compra a startup. Aqui não existe esse interesse das grandes corporações”, analisa Marcos Bizetto, vice-diretor da Agência de Inovação Tecnológica e Social (Agits ), da Universidade Federal de São Paulo.

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